31 maio, 2009












Porfírio Al Brandão
[imagem de Jean Harp]

24 maio, 2009

cante quatorze* - a dor


uma dor profunda
irracional
arde no peito
da ave que repousa
na impossibilidade de guarnecer o nada
o imponderável subsiste
quando a dor volta
como se de uma velha amiga se tratasse e
trata
ninguém interfere com o esvoaçar da borboleta
ferida
um pássaro olha.a
num lento e timbrado bater de asas
fecha.se um livro sobre o corpo da borboleta
as asas projectam.se na lombada
do olhar do pássaro
impenetrável
abre as asas
negras
de contornos azuis e verdes
o negro impera
como a dor
torna.se irrespirável e
o som das asas da borboleta adorna
um corpo moribundo de mulher
a melancolia profunda
torna.se física
na insistência das horas
que não passam
o telefone que não toca
a tristeza
insistente
mente
regressa no segundo seguinte
restam duas
a melancolia e a mulher
e o pássaro
e a borboleta
e o livro
afinal são cinco
uma mão cheia de nada

ainda se o colofão ousasse!

-vasely curtains.
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*sou ,endemicamente ,contra o acordo ortográfico - não passei procuração a ninguém para decidir por mim - razão porque continuarei a escrever o português como aprendi .não aceito que "certos" Puristas da Língua me interditem...

gabriela rocha martins.

11 maio, 2009

Prémio de Poesia António Patrício 2008



Maria do Sameiro Barroso é a vencedora do Prémio de Poesia António Patrício 2008, atribuído pela SOPEAM (Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos) com o livro "As Vindimas da Noite". O prémio será entregue no próximo dia 16, às 10h da manhã, na Ordem dos Médicos.
Este livro foi destacado como um dos quatro melhores livros de 2008 pelo Diário de Notícias.
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Maria do Sameiro Barroso, nascida em Braga, é licenciada em Filologia Germânica, em Medicina e Cirurgia, pela Universidade de Lisboa. Inicialmente vocacionada para a poesia, tem vindo a alargar a sua actividade à tradução de autores de língua alemã, ao ensaio e à investigação no âmbito da História da Medicina.

Obra Poética:
O Rubro das Papoilas, 1.ª ed. 1987; 2.ª ed.1998.
Rósea Litania, 1997 (prefácio de João Rui de Sousa).
Mnemósine, 1997 (prefácio de António Ramos Rosa)
Jardins Imperfeitos, 1999.
Meandros Translúcidos, Labirinto, 2006 (prefácio de António Ramos Rosa).
Amantes da Neblina, Labirinto, 2007 (prefácio de Maria Teresa Dias Furtado).
As Vindimas da Noite, Labirinto, 2008.

Para além do Prémio de Poesia António Patrício 2008, Maria do Sameiro Barroso já tinha ganho o mesmo prémio em 1999 com o livro "Jardins Imperfeitos".
Recentemente, ganhou o Prémio Poesia Palavra Ibérica 2009 com o original "Uma Ânfora no Horizonte", instituído pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, numa parceria com o Ayuntamiento de Punta Umbria e com a colaboração de Sulscrito – Círculo Literário do Algarve.
Este último, será entregue no próximo dia 13, em Vila Real de Stº António, durante as comemorações da fundação daquela cidade.

06 maio, 2009

DISTÂNCIAS

o velho vem pela cidade traz os olhos muito longínquos
viu outras paragens ouviu os bardos dos naufrágios
sei porque guarda na mão uma sombra de barcos e corais
há luz nos seus olhos limpos protectores
cantam neles os duendes das crianças histórias que ninguém quer ouvir
o velho vê o sol e sabe apontar estrelas no firmamento
vê por entre arranha-céus gosta de murmurar
dizem que é velho que não se abeirou de um deus
ou disse uma palavra menos própria
não estalou os dedos à sorte não se queixou de passos dados
no seu murmúrio de nómada ou de criança muito antiga
mas eu sei que o velho ria como sei dos deuses que inventamos
nos socorremos vertemos a lágrima nas despedidas nos amparamos
procuramos um sabor de heresia uma prata muito líquida no fio dos olhos
quando paramos e sabemos quanto mundo do mundo somos e distamos

José Ribeiro Marto

a lira do sol

Seara de trigo / foto Augusto Mota

Ceifeira alentejana / foto Augusto Mota


Um campo de trigo é a mesa dos famintos
Dele se abeiram os poetas e as ceifeiras do sol

Um jovem grão é tão belo


maria azenha